Eu queria fazer um texto diferente no final do ano, eu sinto que sempre escrevo o mesmo com palavras diferentes… Acho que porque sempre que estou diante de algo complicado tenho os mesmos pensamentos, tenho as mesmas certezas e a mesma fé… Dessa vez não existe nada de complicado ou novo… Mas ainda assim eu preciso escrever e reforçar um ponto… Nesse momento penso sobre escolhas, sobre identidade… Basicamente é a mesma coisa!
Onde será que nasce nossa identidade? Muitas pessoas podem falar que é algo instintivo, podem falar que são traços de nossa alma, resquícios de outras vidas, influencias do mundo… Eu não acredito que seja SÓ uma dessas coisas, talvez um pouco de cada, talvez uma ou duas…
Com toda certeza a nossa criação e o mundo ao nosso redor faz brotar sentimentos, nos muda e nos define, eu sempre ouvi uma frase “diga-me com quem andas e eu te direi quem és” e acredito muito nela, a busca por identidade é muito real quando procuramos uma tribo, um grupo para fazer parte, as vezes nos adequamos a esse grupo para sermos aceitos, as vezes não parecemos muito com as pessoas de lá, mas com toda certeza compartilhamos algo… Com certeza nossas identidades se mesclam para criar uma identidade coletiva, mas isso é papo pra outro texto…
Os amigos são tão especiais em nossas vidas que servem como um tempero, é sempre melhor rir quando estamos acompanhados, abraçar, fofocar, reclamar de algo… A união faz a força e nossos amigos com toda certeza moldam nosso caráter… Eu não tenho um pingo de dúvida sobre isso.
Mas talvez seja preciso voltar um pouco mais…
Quando ainda estamos sendo gerados, uma mãe toca sua barriga e sente a criança crescendo, ela tem sonhos para aquela criança, ela tem curiosidade de como será seu rosto, ela tem sentimentos por algo que ela não vê, mas que sente… E o bebê na mais leve das hipóteses sente o calor do corpo e do espirito que estão o trazendo para a vida, nossos instintos começam ali… Talvez nossa personalidade também…
Eu sou suspeitíssimo em falar, minha mãe é parte constante da minha vida e de mim… As vezes parece que nós somos os únicos da mesma tribo, da mesma espécie, partilhando de conceitos morais e filosóficos… Nossas regras de vida… E nada foi ensinado, tudo é natural…
Falando da minha mãe. Eu não conseguia imaginar minha mãe criança, não conseguia imaginar ela adolescente, não conseguia imaginar ela como outra coisa se não ‘mãe’, porque esse é o lado mais forte do caráter dela, ou ao menos é o lado que ela sempre escolheu me mostrar. Não cabe falar aqui tudo o que minha mãe já fez por mim… Literalmente não cabe, uma vida inteira jamais poderia ser contada em texto, sempre ficaria algo importante de fora, basta dizer que nunca… Em nenhum momento dos meus 20 anos, ela não foi mãe… Ela já passou fome sorrindo para que eu tivesse luxos, já abriu mão de si por mim inúmeras vezes, sempre acaba fazendo (mesmo que reclamando e xingando muito) tudo o que eu preciso, é muito chata, é exigente e mais gentil e divertida que qualquer pessoa que eu tenha conhecido, ela é tão mãe que é como se isso fosse parte total dela, é tão mãe que é difícil eu imaginar ela como sendo outra coisa… É difícil imaginar…
É como se ‘ser mãe’ fosse a identidade dela, por muito tempo eu a enxerguei dessa forma e por muito tempo eu me confundi… Eu não entendia como ela podia ser assim, havia momentos (bem raros) em que ela não era como eu esperava (muito raramente), eu enxergava humanidade nela e para mim isso sempre foi extremamente confuso, porque na minha expectativa ela sempre foi minha mãe e nada além disso. É um pensamento egoísta e muito imaturo… É não entender a grandiosidade disso. Com toda certeza ser mãe é parte dela, mas é uma opção, uma opção que com toda certeza exige muito dela, uma opção que com certeza tira muito dela. Não existe cursinho para ser mãe, não existe faculdade de maternidade… Talvez ela não tenha nascido com isso, ela precisou se tornar mãe e quando a necessidade surgiu ela teve que ser… Ela não parou ou hesitou, ela foi… Ela fez, ela é.
Em muitos momentos não nos sentimos preparados quando a vida exige que nos joguemos… Mas não estar pronto, não ter sido instruído já não é mais uma desculpa válida…
Da mesma forma, não existe cursinho de coragem, cursinho de caráter, cursinho de moral ou de personalidade, tudo isso se desenvolve naturalmente e tudo isso está submetido a escolha, tudo nos define, o meio nos define, os amigos nos definem, a cidade nos define, nosso emprego nos define… Não nos limitam, mas a maneira que lidamos com cada uma dessas coisas define o tipo de ser humano que somos.
Eu ignorei isso, mas não pude mais, todos nós temos o direito a escolha e até mesmo não escolher é uma escolha que trará consequências.
Depois de ter adquirido o mínimo de maturidade e vivência eu consegui assimilar quem minha mãe é humana (eu sei, parece bobo falar assim), eu passei a vê-la como uma pessoa tão passível de erro quanto eu e isso não diminuiu em nada seus esforços, pelo contrário, saber que ela também tinha dúvidas, saber que ela também sentia, que ela tantas vezes quis outras coisas e sempre teve a força de escolher se sacrificar por mim é algo difícil de entender, é um amor quase irreal, tão puro e tão verdadeiro, é um exemplo. É magnifico. O amor pode transformar um ser humano na mais extraordinária e amável das criaturas, a escolha é um direito que todos temos e escolher ser alguém melhor, escolher ser o melhor é o maior exemplo que minha mãe sempre me deu e continua dando, acho que nunca escrevi isso pra você mãe, de maneira tão explicita, mas hoje (quase natal), amanhã, ontem e sempre, eu preciso deixar claro que ter sido seu filho foi o maior presente de todos, a vida que você me deu foi o maior presente de todos, todas as felicidades, sofrimentos, aprendizado e amores só foram capazes porque você escolheu me presentear, porque Deus (ou natureza, Jesus, destino, acaso o universo) escolheu me presentear com você. Ser seu filho, viver tantas coisas, passar por tantas coisas, ver tantas coisas e sentir tantas coisas (nas quais muitas vezes eu só tinha você) me fez ser uma pessoa que eu gosto de ser… Muitas vezes você me pergunta se eu sou feliz… Ser feliz não é ter tudo, mas é também saber tudo o que se tem… E eu tenho a melhor das coisas, eu tenho amor. Obrigado por tudo, se eu sou feliz? Claro, eu dificilmente não seria, eu teria que ser muito burro para não ter aprendido a ser.
A busca por nossa identidade começa no instinto, começa no ventre, mas só se concretiza com as opções, com as escolhas que fazemos, ao leitor ou leitora, se tem resoluções para o próximo ano, pense que muito mais do que escrever em um papel, é preciso escolher ser fiel aos caminhos que você deseja percorrer, boa sorte, feliz 2014 para todos nós. E sempre que você pensar que é difícil, lembre-se que sim… É DIFICIL, mas com certeza existe alguém na sua vida que já fez o impossível com um sorriso no rosto, alguém que já passou por cima do difícil só pra te deixar confortável e bem, seja essa pessoa seu parente ou não… Exemplos é o que não faltam, todos podemos, exemplos estão ai para provar que podemos.
Te amo mãe. Obrigado. Você é meu presente de natal, de pascoa, de ano novo, de aniversario e de vida ❤
Feliz Natal pra todos, eu não sei se esse texto fez qualquer sentido, eu to escrevendo às 2 da manhã… E vou postar sem revisar porque amanhã vai ser um dia corrido… Enfim, ❤ ❤ ❤ Peace and Luv para todos
xoxo
Henrico Raynal