-♦-♦- Outro Castelo -♦-♦-

“Minha Própria Novela Mexicana”, não é só um título divertido, mas é também uma descrição, tudo o que é postado aqui reflete algo que aconteceu (ou vai acontecer) na minha semana, um sentimento, um momento, uma dúvida e por ai vai. Muitas vezes conversando com um grande amigo (grande… beeeeeem grande) falamos que nossas vidas são como sitcons (aqueles seriados de comédia americanos geralmente gravados em ambiente fechado e com risadas de fundo), sitcons que inclusive podem ser divididos em temporadas, em nossas conversas sempre vemos esses pontos de divisão, situações semelhantes à dos seriados, trilha sonora, quais personagens as pessoas ao nosso redor são e por ai vai. É muito comum quando vemos esses seriados termos uma noção do destino dos personagens, afinal o mundo da TV é cheio de clichês, mas isso fica confuso quando nós somos os protagonistas, até porque isso não é TV, nós somos os roteiristas e nem sempre tudo segue o script.

Eu posso dizer que as temporadas da minha série sempre começam em dezembro e vão até dezembro do outro ano, veja bem… Na temporada passada, em dezembro eu decidi pensar o que eu queria de mim, eu era um garoto cheio de sonhos (o que piorou vertiginosamente) e sabia que era hora de parar de esperar, era a hora de começar a correr atrás deles. Ao longo dessa temporada eu tive momentos muito interessantes, de fato essa foi a temporada mais vivida e fora de controle que eu já tive, meus horizontes se abriram de maneiras que eu nunca poderia esperar, eu me apaixonei perdidamente e isso me definiu de maneiras que tornaram essa paixão quase um caminho para que eu crescesse, fui aceito em uma conceituada escola de teatro musical (embora tenha aberto mão dela temporariamente por assuntos mais urgentes), fui ao meu primeiro musical de produção internacional, assisti ao show da Lady Gaga, roubei um beijaço de quem eu amava (e ganhei outro de brinde), viajei, fui rebelde, fui certinho, emagreci + de 40 kg (eu sei, eu sei… eu também fico chocado as vezes), comecei a compor músicas mesmo tendo poucos meses de aula e praticamente nenhuma teoria musical, entre uma infinidade de outras coisas… Essas só foram as que mais me definiriam e jamais teriam acontecido se eu tivesse permanecido na minha zona de conforto ou se em algum momento eu tivesse mentido pra mim mesmo ou não tivesse seguido 100% o meu coração, estando certo ou errado, eu fui não só quem eu sou, mas quem eu queria ser… Eu não me permiti me estagnar e nem calei nenhuma voz que sussurrava em mim… Acho que isso é crescer!

Pois bem, a temporada passada foi cheia de idas e vindas, altos e baixos, momentos e momentos, foi ótima, mas já chegou ao fim. E em minha opinião ela chegou ao fim no momento em ‘Priscilla – A Rainha do Deserto’ começou em São Paulo, depois dos fatos superficialmente narrados em Corredor Perdido . As luzes do musical se acendem, fade out e os créditos, fim de temporada.

Nada de muito expressivo (além do show da Gaga) aconteceu até duas semanas atrás. Novembro acabou e Dezembro começou, uma nova temporada chegou e eu não sei ainda quais surpresas ela vai me trazer.

Mas eu já sei como foi o primeiro episódio…

O primeiro episódio começou no meu aniversário, a postagem do texto Chegou a hora de apagar as velinhas… (meu texto que alcançou mais visualizações), toda a alegria e o caos de um aniversário, o achar que um certo alguém esqueceu, os últimos ensaios para a minha apresentação de fim de ano na escola de música. Ahhhh essa bendita apresentação…

Eu já adianto que eu fui péssimo e não falo isso com falsa modéstia, eu toquei essa música inúmeras vezes durante as aulas e a pior vez provavelmente conseguiu ser melhor que a apresentação em si, eu tava MUITO NERVOSO, era uma música autoral, eu deveria cantar e tocar e o pior… EU NÃO CONSIGO TOCAR EM PÉ! Eu sou muito alto e geralmente o teclado/piano está em um nível adequado para ser tocado sentado… Resumindo, eu fui péssimo, mas aparentemente algumas pessoas ainda gostaram (tem gosto para tudo).

Como todo primeiro episódio, esse serviu para estabelecer o que esse ano pode trazer de novo, o que se mantém e o que permanece como uma grande incógnita. Eu percebi algumas coisas que só tornam outras ainda mais complicadas, as vezes de pixel em pixel uma imagem é formada, só que as vezes fora do tempo, afinal tudo precisa acontecer na hora certa e no local certo. Pegando a apresentação como exemplo, eu poderia ter ferrado a música na hora certa e no lugar certo (durante as aulas) e tocado bem na hora certa e no lugar certo (na apresentação), mas as coisas não escolhem hora e nem lugar para acontecer. Pior ainda é quando se trata de sentimentos, sentimentos não escolhem hora e nem lugar para acontecer, muito menos situações adequadas… O primeiro episódio teve um pouco de tudo, emoção, decepção, felicidade, sensação de dever cumprido, realizações, paixão e dúvidas, mas até agora tem tudo sido muito bom e a nova temporada promete caminhos novos, e eu mal posso esperar por eles.

Quanto a apresentação, a música escolhida foi “Another Castle”, uma música lenta e doce com algumas quebras, ela representa um momento bem específico da temporada passada, ela representa o que eu deveria sentir, ela representa a minha consciência tentando rir das minhas dúvidas.

E por mais que a apresentação não tenha sido perfeita e por mais que eu tenha tremido bastante, é sobre isso que se trata a música, tentar e tentar e não mais esperar… Não esperar pelos outros, correr na direção do que você quer… E bom ou ruim eu corri e cantei Another Castle na frente de todos aqueles estranhos, e o resultado? Bem… Eu fiz o que eu queria e devia naquele momento, de resto… FODA-SE!